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quarta-feira, 13 de abril de 2011

mentiras do coração.






Acho engraçado como as palavras se estruturam. Nós, humanos, sempre inventando palavras e eufemismos para não dizer aquilo que realmente deveria ser dito.
O bonito do eufemismo é a falsa tentativa de não magoar. Ah sim, pq esse é o argumento mais usado entre as pessoas: não te falei pq não queria ferir seus sentimentos.

Numa boa? Mermão, quem é você pra saber dos meus sentimentos, e, mais que isso, quem é você pra achar que pode feri-los?
Tudo isso pq sou da turma da verdade - nua e crua. Se possível, com um pouco de shoyu e gengibre.
A verdade não tem que ser escondida, mascarada, disfarçada. Tem que ser dita, com todas as palavras e letras necessárias. Causa dor? Sim, eventualmente. Mas é a dor que traz o conhecimento, a auto-reflexão, a mudança de atitude.

Isso de viver de mentiras é coisa de escritor de ficção.

Ser humano é ser verdade, mesmo pq não tem como fugir das nossas humanidades. Nossos defeitos, erros, cagadas. E são todos dignos, todos eles: sem exceção.
Se não fossem as inúmeras porradas da verdade, hoje eu seria ainda mais goiaba do que já sou.
A apropriação do que é certo, correto, verdadeiro só engrandece o homem: exalta seu poder, desenvolve seu potencial, dá forças.

E não sejamos hipócritas pq todos mentimos. Naquela janta que o parzinho fez mas que ficou horrível, mas você jura que adorou. Naquele livro que o orientador indicou e você não encontrou absolutamente nada de interessante, mas diz ser importante fonte de referencias bibliográficas. No cabelo da coleguinha que ficou horrível, e você chama de moderno.
São as mentiras sociais, aliás, socialmente necessárias. Aquelas que se contam no dia-a-dia, no disfarça daqui, bota dali.

Mas não são essas a que me refiro: são aquelas que tangem o coração.
Mentir para um coração é igual agredir idoso: é feio, inescrupuloso e inaceitável.
Mentir para um coração é tarefa árdua, e custa mais do que o amor: custa a própria alma.

Pelas mentiras, os golpes e traições, meu verdadeira manifesto pela verdadeira verdade.
Dizer o que se sente não é agredir, é cumprir com a civilidade da honestidade.
Tato nas palavras, e sinceridade nos atos: ser humano é possível.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

pela não nomeação do que não deve ser dito.





nunca gostei da palavra transcendental, pq parece algo além da compreensão.
na verdade, as pessoas inventam milhões de palavras para dizer o que não conseguem, para dar um nome à dor, à felicidade, ao amor.
o sofrimento latente? coração apertado.
preocupação extrema? estresse elevado.
solidão profunda? espírito desamparado.

o mais engraçado é que nada, nada mesmo - nenhuma dessas palavras, expressões, linguagens - consegue dar conta de amenizar aquilo que não pode ser nomeado. muito menos explicar aquilo que foi feito só pra ser sentido.

meu profundo silêncio.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

silenzio! no hay banda.

sempre tive uma queda por comunicação. aliás, acredito que seja ela mesmo que nos diferencia dos demais animais. a linguagem, não só oral, mas consolidada através da escrita, cria a história e, através disto, possibilita o planejamento de ações devires. deste ponto de vista, somos a única espécie viva capaz de registrar nosso passado e pré-ordenar nosso futuro.

assim, seria de se pressupor que somos superiores, desenvolvidos, maduros. mas não! essa mesma comunicação que nos enaltece, foi infindavelmente utilizada para segregar, para punir, para excluir. e ainda hoje o é!

aliás, esta é a minha maior questão em relação à pseudodemocracia que nos é imposta. sim, pseudo, pq uma democracia pressupõe condições igualitárias para todos, especialmente na hora de escolher um representante eleito para nos governar.

como poderíamos falar em democracia quando uma parcela enorme da população continua no escuro do analfabetismo? como escolher corretamente um candidato quando sua única fonte de informação são as propagandas políticas absolutamente parciais veiculadas pela globo? como se falar em iguais, se vivemos entre os diferentes?

e nao só isso! é essa mesma comunicação, ou melhor dizendo a falta dela, que desencadeia guerras, que justifica a fome, que empobrece o espírito. é esta linguagem que destrói relacionamentos, que rompe amizades, que impõe castigos.

então, por favor, todos nós, calemo-nos!
o silêncio que antes inquietava, hoje me acalma a alma, me ameniza o espírito, me faz silenciar.

não quero justificativas, não quero explicações, não quero discursos.
não preciso de apelos, não escuto ponderações, não me deixo levar.
silencio, e nesse silêncio, me deixo estar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

o mundo anda vazio.





o mundo anda vazio.
apesar de todo tráfego, de todo trânsito, de todo excesso - andamos todos vazios.

primeiro de um vazio material, pq o capitalismo que nos impõe tantas pseudo-necessidades, não nos dá salários cabíveis para satisfazê-las. e aí é uma seqüência de falta: falta de roupa, falta de acessórios eletrônicos, falta de viagens internacionais, falta de livros interessantes, falta de músicas modernas, falta de carro, falta de bolsas, falta da própria falta.

depois um vazio estético. não existe mais moda, tudo que é ultrapassado virou in, tudo o que é velho virou vintage. ninguém sabe mais se usa a roupa da irmã mais nova, ou da avó. a ordem agora é fazer a própria moda, e aposto, com certeza, que no fundo, mesmo sem parâmetro, ninguém acerta.
(pausa para dizer como odeio expressões como essas que de um momento pro outro, tornam o ultrapassado moderno: in, vintage, oldschool, clássico, enfim..)

aí disso vem o vazio intelectual. os meios de comunicação voltados pra interesses duvidosos, com informações ainda mais duvidosas. filmes que raramente trazem consigo um objetivo didático, educacional, ou, no mínimo interessante. músicas vazia escritas por compositores vazios e interpretadas por cantores absolutamente ocos - só os bolsos andam cheios.

e por último, mas não menos importante, o vazio do espaço que não pode ser mensurado - o vazio do eu. e essa sim é a grande crise da pós-pós-pós-modernidade!
é aquilo de não saber o que querer, e quando consegue, não saber o que fazer.
o vazio dos relacionamentos superficiais, as monogamias sufocantes em conflito com as poligamias forçadas, as inversões de valores, a mudança da infância, a ausência de responsabilidade.

minha mãe tem um jeito interessante de colocar seu espanto com o mundo moderno. já dizia ela: o mundo está acabando minha filha, jesus está voltando.
não sei não se ele volta. se eu fosse ele e pudesse escolher, ficava lá pelo éden, ou curtindo uma harpa no céu, mas numa coisa minha mãe tá certa: realmente está acabando, pq se não acabar, aonde que isso vai parar?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

saramago, o ateísmo e Caim.

já li algumas coisas do saramago, e realmente tenho que concordar com a cultura popular de que ele é genial.

dentre os livros, já pude experimentar ensaio sobre a cegueira e a viagem do elefante.

o primeiro, dentre outras milhões de particularidades, traz um aspecto que se fez notável: o fato de nenhum dos personagens possuírem nomes.
todos eles são denominados conforme sua relação com os demais personagens: o médico, a esposa do médico, o velho.

já o segundo título, apesar de ser escrito de forma minuciosa, peca um pouco no sentido da monotonia. é de se pensar que esta também tenha sido a intenção do autor, posto que de todos os animais da fauna mundial, ele optou logo pelo elefante: grande, desajeitado, lento.

de qualquer forma, nenhum dos dois títulos seria digno de desprezo.

assim, dei início a uma terceira jornada, agora chamada Caim - livro do mesmo autor.
como ainda estou no processo de leitura, ainda não tenho uma opinião formada, ainda assim, as leituras diárias tem feito refletir muito sobre o cristianismo, a bíblia e as complexas relações que se estabelecem nesse meio termo.

procurando mais algumas coisas a respeito, achei o vídeo abaixo.
além de engraçado, e com um tom duvidosamente sarcástico, saramago apresenta sua crença espiritual - neste caso, a não crença mui digna de respeito.


sou obrigada a concordar.
minha vida é cheia de coração e corações.
entre eles, há uma divisão de dois.
se de um lado amo até morrer, do outro, guardo comigo toda amargura do mundo.



domingo, 4 de julho de 2010

pela lógica de que música boa nunca é demais.



o sombarato.org é um site divertidíssimo com um milhão de links de música brasileira.
normalmente o arquivo é torrent, o que facilita pra escolher as músicas específicas que vc quiser.
as vezes, também, vem por site de armazenamento, rapidshare, easyshare, coisas do tipo.

anyways, essa coletânea é gigantes, e não peguei os 110 discos completos. ainda assim, a seleção é demais! incluindo tom zé, chico science, caetano, secos e molhados, mutantes, gilberto gil, jorge ben, gilberto gil & jorge ben, bebel gilberto, e blábláblá.

vale a pena dar uma olhada.

clicar quando aparecer a mãozinho, logo abaixo: